Lista de filmes


FILMES QUE PENSAM O PASSADO

Todo filme é histórico, tendo em vista que todos podem ser documentos do seu tempo. Filme histórico é considerado, por muitos, um gênero cinematográfico, tendo, portando, as suas regras e estéticas. Aqui defendo que filmes que pensam o passado são aqueles que, bem ou mal, propõem ou constrõem interpretações sobre o passado. E, nesse sentido, podem ser filmes historiográficos documentários, comédias, dramas, biografias, filmes experimentais, etc...Apresento aqui, sem critérios muito rígidos, uma lista (em construção) de possíveis filmes historiográficos brasileiros, agrupados por temas gerais.

DINÂMICAS TEMPORAIS E ESCRITA DA HISTÓRIA

Nós que aqui estamos por vós esperamos (Marcelo Masagão, 1998)
O filme Nós que aqui estamos por vós esperamos traz uma reflexão, através da junção de imagens de arquivos, sejam documentárias ou ficcionais, músicas, além de muitas legendas, sobre os acontecimentos marcantes do "Breve século XX". Através de uma composição poética significados podem surgir da montagem dos diversos elementos do filme. O diretor escreve com imagens, música e palavras e cria a sua interpretação sobre seres humanos e suas trajetórias. 

Narradores de Javé (Eliane Caffé, 2003)
O filme possibilita várias reflexões a respeito de memória, história oral, e, principalmente, sobre a escrita da história. Narradores do impronunciável Javé, na tradição judaica, os moradores de uma cidade, diante de uma eminente inundação, precisam escrever o que nunca o fora: a História de Javé. Biá, o único letrado da cidade, é convocado a realizar a difícil tarefa de "dar sentido" às diversas narrativas espalhadas pelas "cabeças do povo" de Javé. O filme gera reflexões sobre as subjetividades do processo de escrita historiográfica e pode ser bastante instigante e estimulante para debates em aulas de História.

IDENTIDADE NACIONAL

O povo Brasileiro (Isa Grinspum Ferrraz, 2000)

Raízes do Brasil (Nelson Pereira dos Santos, 2004)

O Mineiro e o queijo (Helvécio Ratton, 2011)


ENCONTROS DO NOVO MUNDO COM O VELHO MUNDO


O Descobrimento do Brasil (Humberto Mauro, 1937)
Significativo em função do seu diretor Humberto Mauro e da sua proposta de "monumentalização" de uma visão do passado. Eduardo Morettin fez uma análise detalhada e exaustiva do filme e propõe, seguindo a lógica de Marc Ferro, que o filme é um "documento de sua época" e, mesmo sendo um filme "estatal", ele contém "lapsos" que revelam ideias que fogem do controle, tanto dos realizadores quanto dos patrocinadores. Assim, apesar da proposta de uma abordagem tutelada pelo IHGB do "Descobrimento" o filme também traz "momentos" nos quais essa proposta é desviada, abrindo espaços para novas interpretações.(V.A.F.)
O filme Como era gostoso o meu francês tem significados e objetivos, não pretende ser neutro. Sua narrativa não é uma transposição de fatos, mas a construção de idéias através de vários elementos históricos. De acordo com Nelson Pereira, o filme “..é uma invenção minha, evidentemente baseada em todos os cronistas da época: Hans Staden, Jean de Lery, os jesuítas, mas basicamente é a aventura de Hans Staden. Aquele filme é uma parábola sobre a ditadura..." (SANTOS, 1998, p.16) A sua relação com o passado não é uma aceitação sem crítica, mas um olhar desconfiado, que questiona as narrativas para construir a sua própria. (V.A.F.)

Anchieta, José do Brasil (Paulo César Saraceni, 1977)


Ajuricaba, o rebelde da Amazônia (Oswaldo Caldeira 1977)

No coração dos deuses (Geraldo Moraes, 1999)  

Hans Staden (Luiz Alberto Pereira, 1999)
Hans Staden é uma recriação/transcriação do livro que narra as viagens do personagem Hans Staden às terras "brasilianas". Com a intenção de "mostrar o Brasil como era no século XVI" o filme não conseguiu libertar-se do relato do viajante, deixando, desta forma, de explorar as possibilidades interpretativas do meio. 

Brava Gente Brasileira (Lúcia Murat, 2000)
Sem vitimizar os índios o filme imagina o contato entre estrangeiros e nativos através de conflitos gerados a partir da exploração dos invasores. A narrativa do filme foi construída a partir de um fato descrito em relatórios sobre o Forte Coimbra que descreve uma espécie de "Cavalo de Tróia" criado pelos índios, de acordo com Lucia Murat. O filme ainda documenta a tribo Kadiwéu em seus gestos e falas ao transformar seus membros em atores. (V.A.F.)

Desmundo (Alain Fresnot, 2003)
Desmundo é uma transcriação do romance histórico homônimo de Ana Miranda. Entre uma visão detratora ou edênica do Novo Mundo o filme o imagina como um inferno a partir da experiência da triste Oribela, orfã vinda do Velho Mundo para casar-se, contra sua vontade, e gerar novos povoadores. (V.A.F.)

Caramuru, a invenção do Brasil (Guel Arraes e Jorge Furtado, 2001)
O filme Caramuru, a invenção do Brasil  é uma versão contemporânea da história de Diogo Alvares Correia e Paraguaçu,  registrada por Frei Vicente Salvador, e reescrita em versos e prosas ao longo do tempo (Cf. RIBEIRO). O filme cria uma  interpretação bem humorada do encontro entre brancos e indígenas. Nesse encontro, os índios não são vítimas da dominação européia, eles negociam, trapaceiam e acabam tirando proveito das situações que aparecem. No choque entre culturas as crenças do ingênuo Diogo vão sendo aos poucos abaladas pelo novo mundo. Se bem trabalhado pode gerar alguns debates interessantes em sala de aula.
Vermelho Brasil (Sylvain Archambault, 2014)


TIRADENTES
Inconfidência Mineira (Carmem Santos, 1948)

Os Inconfidentes (Joaquim Pedro de Andrade, 1972)


Tiradentes, o mártir da Independência (Geraldo Vietri, 1977)




Joaquim (Marcelo Gomes, 2017)

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PROCESSOS DE INDEPENDÊNCIA E FAMÍLIA REAL NO BRASIL

Filme lançado em meio às comemorações do Sesquicentenário da Independência, ele foi, depois de pronto, incorporado à oficialidade. Apesar de comemorativo, o filme dialoga com uma tradição de interpretações sobre D. Pedro I e a Monarquia nas disputas das memórias republicanas. A partir do 7 de abril (abdicação) inicia-se um flash back no qual são narradas as peripécias políticas e amorosas do jovem intempestuoso D. Pedro I. O filme está referenciado numa historiografia tradicional sobre o tema.(V.A.F.)

Joana Angélica (Walter Lima Jr., 1979) 


Carlota Joaquina, a princesa do Brazil (Carla Camurati, 1995)
O filme Carlota Joaquina, princesa do Brazil, lançado em 1995, foi  uma novidade para o árido cinema nacional da época. Com imagens e sons de boa qualidade ele escancarava na sátira aos membros da monarquia portuguesa. Com aparente abordagem inovadora, o filme "recorta" trechos estereotipados da bibliografia consultada e constrói uma colcha de situações defendendo idéias como a de que origem dos "males brasileiros" estaria no seu passado monárquico ou que a causa dos problemas seria a colonização portuguesa. O filme é enfático em suas afirmativas e pode gerar bons debates nas aulas de História.(V.A.F.)


ESCRAVIDÃO E RESISTÊNCIAS 

Ganga Zumba (Cacá Diegues, 1963)
O filme narra a trajetória de um grupo de negros que fogem dos maus tratos da vida de escravo para buscar uma esperança: Palmares. No grupo está o futuro Ganga Zumba. No trajeto o grupo enfrenta uma série de dificuldades e desafios. O filme foi feito em preto e branco, com uma música dinâmica e diálogos reflexivos sobre a condição da escravidão. É lamentável que filmes como esse sejam tão difíceis de serem vistos. (V.A.F.)
Xica da Silva (Cacá Diegues, 1976)

Besouro, capoeirista (Tato Taborda, 1980)

Quilombo (Cacá Diegues, 1984)
O filme Quilombo narra uma trajetória de resistência e crescimento do quilombo de Palmares durante a guerra com os holandeses e a ascensão do líder Ganga Zumba e posteriormente de Zumbi. Com ricas imagens, belos cenários, elegantes figurinos e músicas envolventes o filme constrói a imagem de afro-descendentes defendendo a sua liberdade e exercendo as suas manifestações culturais no espaço comunitário e de fartura dos quilombos. (V.A.F).

Chico Rei (Walter Lima Jr., 1985)

O filme inicia com cenas dramáticas do aprisionamento e transporte de escravos negros para o Brasil. Em diversos momentos, os cativos reagem às provocações de formas violentas o que ajuda a construir a imagem de personagens ativos. O filme narra a trajetória do lendário personagem Chico Rei, Galanga, rei do Congo, que, trabalhando em uma mina de ouro das Minas Gerais consegue comprar a sua alforria, e, a própria mina. Com isso, acaba abalando algumas estruturas da sociedade escravocrata mas também construindo possibilidades de sobrevivência para os cativos e ex-cativos. A trajetória de Galanga é constantemente associada aos inconfidentes.

Abolição (Zózimo Bulbul, 1988)
O filme Abolição, realizado no seu centenário, traz diversos questionamentos sobre as consequências da abolição para os negros. Com variados depoimentos de estudiosos, artistas, dentre outros, o filme constrói o seu argumento demonstrando como a população negra foi institucionalmente excluída e marginalizada ao longo dos anos. O filme traz referências importantes para o debate sobre esse processo de exclusão centenária. (V.A.F)

Negro no Brasil: Dias ou Zumbi? (Lucia Murat, 1988)


Besouro (João Daniel Tikhomiroff, 2009)
O filme Besouro recria e atualiza nas telas de cinema o mito popular do capoeirista Manoel Henrique Pereira, que viveu na Bahia entre fins do século XIX e início do XX. O filme, recheado de imagens fantásticas e mágicas, incorpora o discurso mítico e constrói a imagem de um herói negro e defensor de seu povo contra os maus-tratos sofridos, mesmo após a escravidão. Ambientado numa comunidade em torno de um engenho de açúcar, a relação estabelecida entre brancos e negros é pautada em relações escravagistas. O filme é visualmente e narrativamente muito bem construído. (V.A.F.)


REVOLTAS E GUERRAS

Guerra dos Pelados (Sylvio Back, 1971)


A Batalha dos Guararapes (Paulo Thiago, 1977)

Guerra do Brasil (Sylvio Back, 1987)


Guerra de Canudos (Sérgio Rezende, 1997)
O filme Guerra de Canudos, cujo roteiro foi escrito a partir da obra de Euclides da Cunha, compõe sua narrativa a partir da trajetória de uma família de sertanejos que se envolve com a luta de Antônio Conselheiro. O filme, como uma adaptação, no entanto, não conseguiu construir uma narrativa suficientemente livre ficando, ao contrário, preso ao relato escrito e perdendo as possibilidades do meio cinematográfico. Há várias cenas cuja única função no relato parece a de ilustrar o livro de Euclides da Cunha o que acaba tornando o filme sem um dinamismo e uma dramaticidade possíveis ao meio e ao tema. (VAF)
Anahy de las misiones (Sérgio Silva, 1997)

Lua de Outubro (Henrique de Freitas Lima, 1997)


Sonhos Tropicais (André Sturm, 2001)
O filme Sonhos Tropicais (André Sturn, 2002) narra a trajetória de personagens que irão encontrar-se na Revolta da Vacina, um episódio do passado brasileiro ocorrido no Rio de Janeiro em 1904. Dentre os personagens estão Esther, uma polaca trazida para o Brasil com a promessa de um casamento que, no entanto, é levada à prostituição; Oswaldo Cruz, recém chegado ao Brasil que, em suas pesquisas incansáveis, busca da cura de doenças epidêmicas. Além destes, outros personagens passeiam pelo filme compondo o cenário social fragmentado que antecedeu a citada Revolta: o negro capoeirista Prata Preta, um malandro carioca, Amaral, dentre outros. Baseado no romance homônimo de Moacyr Scliar, o filme não se prende ao relato escrito e compõe uma narrativa que mescla personagens ficcionais e personagens com referências históricas. E, numa legenda provocativa, nos leva a refletir sobre o processo de ficcionalização em filmes historiográficos: "Todos os fatos são reais, mesmo os inventados".  (V.A.F.)
Netto Perde Sua Alma (Tabajara Ruas e Beto Souza, 2001)

Guerra do Paraguai, a nossa grande guerra (Matheus Ruas/History Channel, 2015)




MIGRAÇÃO

Gaijin, Caminhos da Liberdade (Tizuka Yamasaki, 1980)


O Quatrilho (Fábio Barreto, 19)

Morro do Céu (Gustavo Spolidoro, 2009)

Corações Sujos (Vicente Amorim, 2011)


CANGAÇO
Deus e o Diabo na Terra do Sol (Glauber Rocha, 1964)

Memórias do Cangaço (Paulo Gil Soares, 1964)

Baile Perfumado (Paulo Caldas e Lírio Ferreira, 1996)
O filme Baile Perfumado, longa metragem de estréia dos seus diretores, surpreendeu a crítica e a platéia. O filme desconstrói a comum imagem de um Nordeste seco para mostrar a vivacidade da sua natureza. Realizado a partir de pesquisas históricas acuradas, o filme leva para as telas a ideia de modernidade entrando no sertão e constrói uma narrativa para as imagens sobreviventes de Benjamim Abrahão que registrou Lampião e seu bando. Com atuações cativantes, músicas envolventes e dinâmicas, movimentos de câmera ousados e interpretações inovadoras, Baile Perfumado cria uma bela embalagem para os poucos minutos das imagens de Abrahão. (V.A.F)

REVOLUÇÃO DE 1930, TENENTISMO E ERA VARGAS

Revolução de 24 (Humberto Caetano, 1924)

O caso dos irmãos Naves (Luís Sérgio Person, 1967)

Getúlio Vargas (Ana Carolina, 1974)


Revolução de 30 (Sylvio Back, 1980)
O filme Revolução de 30 foi produzido a partir de imagens de diversos outros filmes, sejam documentários ou ficções, do período a que se refere. Há imagens de trabalhadores do início do século XX, imagens dos tenentes revoltados em 1924, dentre muitas outras. Enquanto vemos o rico desfilar das imagens, ouvimos os comentários analíticos de Boris Fausto, Edgar Carone e Paulo Sérgio Pinheiro.

Parayba, mulher macho (Tizuka Yamasaki, 1983)


O País dos Tenentes (João Batista de Andrade, 1987) é cheio de metáforas visuais. Focado numa crise de consciência de um militar da reserva, o personagem relembra suas participações no movimento tenentista, na resistência dos "18 do Forte", na Coluna Prestes. A partir do embate com um grande amigo, também tenente, o personagem representa uma certa contradição entre os ideais "pequenos burgueses" de sucesso pessoal e a participação em um movimento que supostamente teria interesses mais altruístas de transformação social. A estética de surto, sonhos e lembranças faz do filme uma oportunidade de reflexão sobre as idéias a respeito do papel dos militares num processo de transformação social. Realizado na década de 1980, O País dos Tenentes pode ser observado como uma reflexão, que encontra ecos na historiografia, que considera aqueles que participaram do poder após a Revolução de 1930 como traidores de uma causa primária. O personagem principal representa o grupo social militar que, da mesma forma que em 1930, teria traído os ideais daqueles militares que participaram do tenentismo "primitivo" e cujos ideais de transformação social foram suplantados a favor de interesses econômicos e elitistas. O filme, com suas imagens metafóricas, traz uma reflexão a respeito de um passado recente do Brasil. (V.A.F.)

Lembrai-vos de 37 (Wilson Paraná)

1930: Tempo de Revolução (Eduardo Escorel, 1990)

1932: A Guerra civil (Eduardo Escorel, 1992)

1935: Assalto ao poder (Eduardo Escorel, 2002)

Getúlio (João Jardim, 2014)


BRASIL E A II GUERRA

Aleluia, Gretchen (Sylvio Back, 1976)

Rádio Auriverde (Sylvio Back, 1990)

For All (Luis Carlos Lacerda e Buza Ferraz, 1997)
Num espaço atemporal do porão da alfândega (apesar do filme estar situado em 1945), os personagens Sigismundo e Clausewits vão apresentando, aos poucos, suas memórias, inicialmente negadas. Os personagens parecem esconder o passado, no entanto, aos poucos vão narrando e assumindo as próprias identidades. No confronto entre as palavras do imigrante polonês, testemunha dos horrores da II Guerra Mundial, e as do agente alfandegário (ex-torturador da polícia política), o filme traz reflexões sobre o narrável e o não-narrável. O personagem Sigismundo põe em discurso palavras sobre as torturas cometidas que Clausewits achava impossível dizer em português. Assim, é revelado a ele que o Brasil também vivenciou horrores nos "porões da ditadura" (seja a de Vargas, seja a dos militares), contrariando a imagem positiva e ingênua criada pelo imigrante. O filme, adaptação da peça teatral "Novas Diretrizes em Tempos de Paz" de Bosco Brasil, coloca em questão a memória, sua narrativa e o julgamento. Ao personificar e humanizar um torturador que mensagem o filme constrói? Essa discussão me faz lembrar de Paul Ricoeur em seu livro Memória, História, Esquecimento, no qual discute a necessidade de criar uma memória justa através do trabalho de luto, e, para isso, é necessário narrá-las. O filme coloca em questão a memória e o julgamento da Ditadura Militar.(V.A.F.)
Marcha para a vida (Jessica Sanders, 2010)

GOLPE DE 1964 E DITADURA MILITAR


Eles não usam black-tie (Leon Hirszman, 1981)

Os Anos JK (Silvio Tendler, 1980)
O documentário Os anos JK, uma trajetória política tematiza o período do governo de Juscelino Kubitschek enfocando principalmente as características que o marcaram como um período democrático no meio de duas ditaduras. Assim, são ressaltadas as situações e qualidades de JK como um político conciliador, defensor da democracia e respeitador da legalidade. Realizado em anos próximos da Ditadura Militar, o filme toma JK como um político exemplar e assim faz uma crítica ao período posterior. Desta maneira, compreendo que a trajetória política apresentada no título é menos a de JK e mais a da política brasileira entre as décadas de 1940 e 1970. (V.A.F)

Jânio a 24 Quadros (Luís Alberto Pereira, 1981)

Pra Frente Brasil (Roberto Farias, 1982)

Cabra Marcado pra morrer (Eduardo Coutinho, 1984)

Jango (Silvio Tendler, 1984)
O filme documentário Jango, ao narrar a trajetória do presidente João Goulart, deposto pelo Golpe Militar de 1964, constrói uma interpretação sobre a atuação do presidente e a injustiça sofrida com o golpe. Sua interpretação, no entanto, é marcada pela própria época, da mesma forma que as interpretações historiográficas que, em momentos próximos ao golpe, não "ousavam" criticar a atuação do presidente. Assim, o filme, como produto de um tempo, pode ser visto como uma interpretação historiográfica e também como um documento. (V.A.F.)  


Muda Brasil (Oswaldo Caldeira, 1985)

Lamarca (Sérgio Rezende, 1994)

O que é isso, Companheiro? (Bruno Barreto, 1997)

Ação entre amigos (Beto Brant, 1998)

Cabra Cega (Toni Venturi, 2005)

O ano em que meus pais sairam de férias (Cao Hamburguer, 2006)

1972 (José Emílio Rondeau, 2006)

Batismo de Sangue (Helvécio Ratton, 2007)
O filme Batismo de Sangue é uma adaptação do livro Batismo de sangue. Guerrilha e Morte de Carlos Marighella (Frei Betto, 1982) no qual o autor narra as circunstâncias da morte de Carlos Marighella e o envolvimento dos dominicanos com a luta armada. O filme, no entanto, foca sua narrativa nos personagens dominicanos e o envolvimento com a resitência à Ditadura Militar. (V.A.F)

Hércules 56 (Silvio Da-Rin, 2007)

Cidadão Boilesen (Chaim Litewski, 2009)

Topografia de um desnudo (Teresa Aguiar, 2009)

Uma noite em 1967 (Renato Terra e Ricardo Calil, 2010)

Reis e Ratos (Mauro  Lima, 2011)


RELIGIOSIDADES

A Igreja da Libertação (Silvio Da-Rin, 1985)

São Jerônimo (Júlio Bressane, 1998)

Santo Forte (Eduardo Coutinho, 1999)

(Ricardo Dias, 1999)

TEMPO PRESENTE

Ônibus 174 (José Padilha, 2002)

Carandiru (Hector Babenco, 2003)

Tropa de Elite (José Padilha, 2007)

Salve Geral (Sérgio Rezende, 2009)

400 contra 1 (Caco Souza, 2010)

A falta que nos move (Christiane Jatahy, 2009)

Assalto ao Banco Central (Marcos Paulo, 2011)

MOBILIZAÇÃO POPULAR
Vento Contra (Adriana Matoso, 1976)
Filme reportagem sobre a luta de caiçaras pela posse da terra em Trindade, Paraty, RJ. 

O filme Trindadeiros (Trindade para trindadeiros), a partir de um diálogo constante entre presente e passado, narra a luta dos habitandes da Trindade pela posse da terra, na década de 1970. O filme traz depoimentos de participantes dessa luta acirrada num momento crítico da história do país. É uma história audiovisual das batalhas e dos choques entre o "progresso" devastador e as comunidades caiçaras nas quais estão em jogo modos de vida e valores humanos e ambientais.(V.A.F)


BIOGRAFIAS


Coronel Delmiro Gouveia (Geraldo Sarno, 1978) 

Sonho sem fim (Lauro Escorel, 1985)
Filme biografia sobre o cinegrafista Eduardo Abelim que registrou a Revolução de 1930. (dur: 93 minutos)

O homem da capa preta (Sérgio Resende,1986)

Eternamente Pagu (Norma Benguell, 1988)

Cão louco Mário Pedrosa (Roberto Moreira, 1993)

O documentário, dirigido por Roberto Moreira, constrói a narrativa biográfica do polêmico e inusitado Mário Pedrosa a partir da interpretação do ator Carlos Gregório que, falando diretamente para a câmera, como uma espécie de desabafo, representa o biografado, e narra suas angústias.(V.A.F.)


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O cineasta da selva (Aurélio Michiles, 1997)
O filme O Cineasta da Selva narra a trajetória do pioneiro do cinema amazonense Silvino Santos mesclando imagens documentais, registradas pelo próprio Silvino Santos, e imagens dramatizadas. José de Abreu interpreta o personagem principal que, ao longo do filme, vai narrando a sua trajetória para a câmera. O filme traz  interpretações de variadas tradições do processo de elaboração da memória em torno do personagem e do próprio cinema no Amazonas. Com diferentes eixos narrativos o filme não fica preso à apenas uma dimensão da vida do biografado e dialoga com diferentes construções de memórias. Uma delas é o relato auto biográfico de Silvino que pauta as suas biografias, a outra está relacionada às imagens produzidas pelo cineasta e uma terceira remete à construção coletiva da memória do pioneiro.
Vale a pena sonhar (Rudi Bohm e Stela Grisoti, 1997)


O filme documentário O Velho, a historia de Luiz Carlos Prestes, narra a trajetória do seu personagem título, desde o início do seu envolvimento com a política, na década de 1920 até sua morte em 1993. Prestes, figura política de destaque da esquerda brasileira, atuou, durante maior parte de sua vida, ligado ao Partido Comunista Brasileiro. Com ricas imagens documentais, fruto de uma pesquisa de imagens acurada, o filme narra a trajetória do personagem e seu vínculo com os principais fatos políticos da história brasileira do século XX. 
Mauá, o imperador e o rei (Sérgio Rezende, 1999)
O filme Mauá, o imperador e o rei narra a trajetória de Irineu Evangelista de Souza e aborda um grande período de sua vida. A partir de uma narrativa episódica o filme exibe a vida de Mauá como um processo de ascensão e decadência. Apesar das declarações em contrário, a estrutura narrativa biográfica é muito semelhante à do livro Mauá, o empresário do império, de Jorge Caldeira. Baseado ou não no livro a semelhança nos aponta para uma questão importante na escrita da história: ela nunca deixará de ter uma autoria. Assim, parece que os roteiristas do filme trataram a narrativa da vida de Mauá como se fosse uma verdade em si mesma e não como uma construção narrativa resultado de um olhar e de um ponto de vista. (V.A.F.)
Cruz e Souza, o poeta do desterro (Sylvio Back, 1999)

Villa-Lobos, uma vida de paixão (Zelito Viana, 2000)

Anésia - voo no tempo (Ludmila Ferolla, 2000)

O filme tem uma proposta interessante: narrar a vida de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, a partir do depoimento de Joana Lopes ao historiador Rodrigo José Ferreira Bretas. Mas, esbarra em muitas dificuldades, dentre elas os diálogos forçados e as atuações pouco convincentes. Ao longo da narrativa, o filme transborda anacronismos através de diálogos analíticos que fazem emergir da boca dos personagens idéias construídas em tempos futuros. (V.A.F.)
Madame Satã (Karim Ainouz, 2002)

Gregório de Matos (Ana Carolina, 2002)

Cazuza (Walter Carvalho e Sandra Werneck, 2004)

Ao final, emocionante. O filme, que narra a trajetória de Olga Benário, começa em marcha lenta, com muito melodrama e estende-se por longas cenas encadeadas e sonorizadas por melodias finalizadoras. O ritmo do filme parece destoar do dinamismo possível do meio cinematográfico, e do tema abordado. Muitas elipses foram desperdiçadas. A história de Olga, no entanto, cheia de momentos intensos, vai ganhando força e o filme vai ficando mais instigante e emocionante com o passar da hora. Para os professores de história, o filme pode ser um prato de entrada que abre o apetite dos desavisados pelo passado. Os alunos podem sair do filme cheios de dúvidas, perguntas, admirações e raivas. E isso é bom, é um passo para a sensibilização necessária no ensino de história. (V.A.F.)
O filme Vlado, 30 anos depois, de maneira emocionante, traz uma narrativa sobre as circunstâncias do assassinato de Vladimir Herzog. Com uma cadeira de diretor de eixo narrativo e uma câmera na mão instável, a narrativa vai sendo construída a partir dos depoimentos de pessoas diretamente envolvidas no caso. As experiências do grupo de jornalista, do qual também fazia parte Herzog, se mesclam e se confundem. É como se a história de um fosse a história de todos. E a história de Vlado não é apenas dele. Falar de sua morte é como falar da morte de um pedaço de cada um dos depoentes, que compartilharam da mesma experiência. O próprio diretor é parte daquele grupo de amigos vitimados pela "briga de elefantes". O filme, de maneira criativa, íntima e envolvente sensibiliza para o sofrimento daqueles que passaram pela tortura e pela arbitrariedade da violência empregada pela Ditadura Militar. Vale ressaltar um elemento, também simbólico, citado no filme, que é o capuz. Citado pelos depoentes como símbolo da tortura, ele pode ser também um símbolo do período no qual as ações clandestinas dos torturadores estão encobertas e do presente pela falta de visibilidade documental. Quando poderemos tirar esse capuz? Até quando a memória será torturada pela cegueira? (V.A.F.)

Cafundó (Clovis Bueno e Paulo Betti, 2005)

Zuzu Angel (Sérgio Rezende, 2006)

O documentário Memórias Clandestinas constrói uma história pautada pelas memórias de Alexina Crespo e seus quatro filhos. Memórias pessoais, familiares, sociais e políticas. O espectador é convidado a participar das memórias dessa família a partir de uma antiga casa, destruída pelo tempo, que é a casa onde a família viveu antes dos tumultuados momentos da luta camponesa e das perseguições políticas sofridas por Francisco Julião. O documentário começa com a antiga casa , se desenrola a partir das lembranças dela, relatadas na casa do presente e termina com a volta para casa, o Brasil, narrando as emoções e sentimentos em relação ao que encontraram no retorno do exílio. A casa antiga, o lugar inaugural dessa história relacionada ao movimento das Ligas camponesas, a casa do presente, o lugar do relato. Essa relação estabelecida com o espaço físico da casa se transformou num eixo narrativo, o espaço a partir do qual emergem as memórias. Assim, mesclas de imagens no presente e as lembranças da casa do passado vão compondo um mosaico de conexões entre lembranças de tempos sobrepostos. Nesse processo de rememoração o dito e o não-dito vêm à tona compondo falas e silêncios, possibilitando algumas perguntas e impossibilitando outras. 

Meu nome não é Johnny (Mauro Lima, 2008)

Ultima parada 174 (Bruno Barreto, 2008)

O contador de histórias (Luiz Villaça, 2009)

Caro Francis (Nelson Hoinnef, 2009)

Bela noite para voar (Zelito Viana, 2009)

Lula, filho do Brasil (Fábio Barreto, 2009)

Jean Charles (Henrique Goldman, 2009)

VIPs, (Toniko Melo, 2010)

Diário de uma busca (Flávia Castro, 2010)

Tancredo, a travessia (Silvio Tendler, 2010)

Reidy - a construção da utopia (Ana Maria Magalhães, 2010)

Lope (Andrucha Waddington, 2010)

O manuscrito perdido de Fradique Mendes (José Barahona, 2010)


Bruna surfistinha (Marcus Baldini, 2011)

Dino Cazzola - uma biografia de Brasília (Andréa Prates e Cleisson Vidal, 2012)

Nise, no coração da loucura (Roberto Beliner, 2016)





BIOGRAFIAS - Futebol/Esportes

Futebol (João Moreira Salles, 1998)

B1 - Tenório em Pequim (Felipe Braga e Eduardo H. Moura, 2009)

Heleno (José Henrique Fonseca, 2011)

O Gringo (Darko Bajik, 2011)



BIOGRAFIAS - Música/Arte

O homem que engarrafava nuvens (Lírio Ferreira, 2009)

Titãs, a vida até parece uma festa (Branco Mello e Oscar Rodrigues Alves, 2009)

Dzi Croquettes (Raphael Alvarez e Tatiana Issa, 2009)

Filhos de João, admiravel mundo novo baiano (Henrique Dantas, 2009)

Só dez por cento é mentira (Pedro Cezar, 2010)

O samba que mora em mim (Georgia Guerra-Peixe, 2010)

Rock Brasília - Era de ouro (Vladimir Carvalho, 2010)

Daquele instante em diante (Rogério Velloso, 2011)

Eu Eu Eu, José Lewgoy (Claudio Kahns, 2011)

Flores raras (Bruno Barreto, 2012)