26 de maio de 2011

Caramuru, a invenção do Brasil (Guel Arraes e Jorge Furtado, 2001)


Cartaz do filme

O filme Caramuru, a invenção do Brasil  é uma versão contemporânea da história de Diogo Alvares Correia e Paraguaçu,  registrada por Frei Vicente Salvador, e reescrita em versos e prosas ao longo do tempo (Cf. RIBEIRO). O filme cria uma  interpretação bem humorada do encontro entre brancos e indígenas. Nesse encontro, os índios não são vítimas da dominação européia, eles negociam, trapaceiam e acabam tirando proveito das situações que aparecem. No choque entre culturas as crenças do ingênuo Diogo vão sendo aos poucos abaladas pelo novo mundo. No entanto, na sátira, alguns estereótipos preconceituosos ainda são mantidos, tais como a idéia de "indolência" indígena, o canibalismo e a sexualidade acentuada. Apesar do tom bem humorado, o filme ainda é pautado num discurso civilizatório, da mesma forma que as outras reescritas dessa história. 
Um aspecto interessante, que vêm à tona em algumas cenas, é uma oposição entre representação e realidade. O pintor Diogo é ameaçado de morte por distorcer um retrato; Paraguaçu não consegue identificar um desenho de arara e a nomeia como papel, dedo, tinta, menos "arara" porque o desenho está muito diferente da arara real, no seu olhar; ao final, a narrativa do filme é identificada com a escrita de Paraguaçu, e a cena final é reescrita algumas vezes apontando para as possibilidades da escrita e da reescrita. Se bem trabalhado pode gerar alguns debates interessantes em sala de aula. (V.A.F.)

Trailer do filme



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