28 de maio de 2011

Revolução de 30 (Sylvio Back, 1980)

O filme Revolução de 30 foi produzido a partir de imagens de diversos outros filmes, sejam documentários ou ficções, do período a que se refere. Há imagens de trabalhadores do início do século XX, imagens dos tenentes revoltados em 1924, dentre muitas outras. Enquanto vemos o rico desfilar das imagens, ouvimos os comentários analíticos de Boris Fausto, Edgar Carone e Paulo Sérgio Pinheiro.

O filme pode ser assistido na íntegra através do link abaixo. 
Assista ao filme



Ajuricaba, o rebelde da Amazônia (Oswaldo Caldeira 1977)


26 de maio de 2011

Caramuru, a invenção do Brasil (Guel Arraes e Jorge Furtado, 2001)


Cartaz do filme

O filme Caramuru, a invenção do Brasil  é uma versão contemporânea da história de Diogo Alvares Correia e Paraguaçu,  registrada por Frei Vicente Salvador, e reescrita em versos e prosas ao longo do tempo (Cf. RIBEIRO). O filme cria uma  interpretação bem humorada do encontro entre brancos e indígenas. Nesse encontro, os índios não são vítimas da dominação européia, eles negociam, trapaceiam e acabam tirando proveito das situações que aparecem. No choque entre culturas as crenças do ingênuo Diogo vão sendo aos poucos abaladas pelo novo mundo. No entanto, na sátira, alguns estereótipos preconceituosos ainda são mantidos, tais como a idéia de "indolência" indígena, o canibalismo e a sexualidade acentuada. Apesar do tom bem humorado, o filme ainda é pautado num discurso civilizatório, da mesma forma que as outras reescritas dessa história. 
Um aspecto interessante, que vêm à tona em algumas cenas, é uma oposição entre representação e realidade. O pintor Diogo é ameaçado de morte por distorcer um retrato; Paraguaçu não consegue identificar um desenho de arara e a nomeia como papel, dedo, tinta, menos "arara" porque o desenho está muito diferente da arara real, no seu olhar; ao final, a narrativa do filme é identificada com a escrita de Paraguaçu, e a cena final é reescrita algumas vezes apontando para as possibilidades da escrita e da reescrita. Se bem trabalhado pode gerar alguns debates interessantes em sala de aula. (V.A.F.)

Trailer do filme



24 de maio de 2011

Filmes historiográficos

Na página "filmes historiográficos" você poderá conferir:

"Todo filme é histórico, tendo em vista que todos podem ser documentos do seu tempo. Filme histórico é considerado, por muitos, um gênero cinematográfico, tendo, portando, as suas regras e estéticas. Aqui defendo que filmes historiográficos são aqueles que, bem ou mal, propõem ou constrõem interpretações sobre o passado. E, nesse sentido, podem ser filmes historiográficos documentários, comédias, dramas, biografias, filmes experimentais, etc...Apresento aqui, sem critérios muito rígidos, uma lista (em construção) de possíveis filmes historiográficos brasileiros, agrupados por temas gerais."

22 de maio de 2011

Brava Gente Brasileira (Lucia Murat, 2000)


        
Sem vitimizar os índios o filme imagina o contato entre estrangeiros e nativos através de conflitos gerados a partir da exploração dos invasores. A narrativa do filme foi construída a partir de um fato descrito em relatórios sobre o Forte Coimbra que descreve uma espécie de "Cavalo de Tróia" criado pelos índios, de acordo com Lucia Murat. O filme ainda documenta a tribo Kadiwéu em seus gestos e falas ao transformar seus membros em atores.(V.A.F)


Trailer do filme
  • Alguns textos sobre:
    • Artigo: IMOTO. Cinema indígena, as possibilidades de um novo espaço de resistência cultural

Tiradentes (Oswaldo Caldeira, 1998)










Assista ao filme aqui
  • Ficha Técnica:
    • DIREÇÃO: Oswaldo Caldeira
    • ROTEIRO: Oswaldo Caldeira
    • MONTAGEM: 
    • ANO: 1998
    • DURAÇÃO: 124 minutos
    • CENSURA: 

Tiradentes, o mártir da independência






Os inconfidentes (Joaquim Pedro de Andrade, 1972)





Cena final do filme

Carlota Joaquina, princesa do Brazil (Carla Camurati, 1995)

Capa do DVD

O filme Carlota Joaquina, princesa do Brazil, lançado em 1995, foi  uma novidade para o árido cinema nacional da época. Com imagens e sons de boa qualidade ele escancarava na sátira aos membros da monarquia portuguesa. Com aparente abordagem inovadora, o filme "recorta" trechos estereotipados da bibliografia consultada e constrói uma colcha de situações defendendo idéias como a de que origem dos "males brasileiros" estaria no seu passado monárquico ou que a causa dos problemas seria a colonização portuguesa.
O filme é enfático em suas afirmativas e pode gerar bons debates nas aulas de História.



Trecho do filme

21 de maio de 2011

Guerra do Brasil (Sylvio Back)

Quilombo (Cacá Diegues, 1984)



O filme Quilombo narra uma trajetória de resistência e crescimento do quilombo de Palmares durante a guerra com os holandeses e a ascensão do líder Ganga Zumba e posteriormente de Zumbi. Com ricas imagens, belos cenários, elegantes figurinos e músicas envolventes o filme constrói a imagem de afro-descendentes defendendo a sua liberdade e exercendo as suas manifestações culturais no espaço comunitário e de fartura dos quilombos. (V.A.F).





Assista ao filme


  • Ficha Técnica
    • DIREÇÃO e ROTEIRO: Cacá Diegues
    • DURAÇÃO: 119 minutos
    • ANO: 1984
  • Alguns textos sobre o filme:

..

Independência ou morte (Carlos Coimbra, 1972)

Capa da cópia em VHS
Filme lançado em meio às comemorações do Sesquicentenário da Independência, ele foi, depois de pronto, incorporado à oficialidade. Apesar de comemorativo, o filme dialoga com uma tradição de interpretações sobre D. Pedro I e a Monarquia nas disputas das memórias republicanas. A partir do 7 de abril (abdicação) inicia-se um flash back no qual são narradoas as peripécias políticas e amorosas do jovem intempestuoso D. Pedro I. O filme está referenciado numa historiografia tradicional sobre o tema.

Trecho do filme

Desmundo (Alain Fresnot, 2003)





Desmundo é uma transcriação do romance histórico homônimo de Ana Miranda. Entre uma visão detratora ou edênica do Novo Mundo o filme o imagina como um inferno a partir da experiência da triste Oribela, orfã vinda do Velho Mundo para casar-se, contra sua vontade, e gerar novos povoadores. 

Trailer do filme

20 de maio de 2011

Hans Staden (Luiz Alberto Pereira, 1999)

Capa do DVD
Hans Staden é uma transcriação do livro que narra as viagens do personagem Hans Staden às terras "brasilianas". Com a intenção de "mostrar o Brasil como era no século XVI" (Pereira), o filme não conseguiu libertar-se do relato do viajante, deixando, desta forma, de explorar as possibilidades interpretativas do meio. Assim, na relação sem crítica com o texto base, o filme contribui para alimentar a imagem preconceituosa do discurso civilizatório subjacente ao relato. (V.A.F)



Trailer do filme


Assista Hans Staden aqui

Anchieta, José do Brasil (Paulo Cézar Saraceni, 1977)




Trecho do filme


Para adquirir o DVD (Versátil) na Livraria da Travessa clique aqui


19 de maio de 2011

Como era gostoso o meu francês (Nelson Pereira dos Santos, 1970)

Cartaz do filme
O filme Como era gostoso o meu francês não tem a pretensão de ser neutro. Sua narrativa não é uma transposição de fatos, mas a construção de idéias. De acordo com o diretor Nelson Pereira dos Santos, o filme “..é uma invenção minha, evidentemente baseada em todos os cronistas da época: Hans Staden, Jean de Lery, os jesuítas, mas basicamente é a aventura de Hans Staden. Aquele filme é uma parábola sobre a ditadura..." (SANTOS, 1998, p.16) A sua relação com o passado não é uma aceitação sem crítica, mas um olhar desconfiado, que questiona as narrativas para construir a sua própria. O filme faz um ensaio de relaçõs entre o passado e o presente. 

Trecho de cópia restaurada

18 de maio de 2011

O Descobrimento do Brasil (Humberto Mauro, 1937)

O filme O Descobrimento do Brasil é significativo em função do seu diretor Humberto Mauro e da sua proposta de "monumentalização" de uma visão do passado. Eduardo Morettin fez uma análise detalhada e exaustiva do filme e propõe, seguindo a lógica de Marc Ferro, que o filme é um "documento de sua época" e, mesmo sendo um filme "estatal", ele contém "lapsos" que revelam idéias que fogem do controle, tanto dos realizadores quanto dos patrocinadores. Assim, apesar da proposta de uma abordagem tutelada pelo IHGB do "Descobrimento" o filme também traz "momentos" no qual essa proposta é desviada. Existe uma cópia restaurada e divulgada em DVD e disponível para compra.



Trecho inicial do filme O Descobrimento do Brasil



17 de maio de 2011

Narradores de Javé (Eliane Caffé, 2003)


O filme Narradores de Javé foi uma grata surpresa quando lançado. Entusiasmou muitos historiadores e gerou também alguns trabalhos acadêmicos. O filme possibilita várias reflexões a respeito de memória, história oral, e, principalmente, sobre a escrita da história. Narradores do impronunciável Javé, na tradição judaica, os moradores de uma cidade, diante de uma eminente inundação, precisam escrever o que nunca o fora: a História de Javé. Biá, o único letrado da cidade, é convocado a realizar a difícil tarefa de "dar sentido" às diversas narrativas espalhadas pelas "cabeças do povo" de Javé. O filme gera reflexões sobre as subjetividades do processo de escrita historiográfica e pode ser bastante instigante e estimulante para debates em aulas de História, especialmente para os alunos com mais experiência de vida como os da Educação de Jovens e Adultos.

Trailer do filme Narradores de Javé


Uma análise minha do filme - Estação Universitária de Cinema - Unimep, 2009



  • Alguns textos sobre o filme:




  • Nós que aqui estamos por vós esperamos (Marcelo Masagão, 1998)


    O filme Nós que aqui estamos por vós esperamos traz uma reflexão, através da junção de imagens de arquivos, sejam documentárias ou ficcionais, músicas, além de muitas legendas, sobre os acontecimentos marcantes do "Breve século XX". Através de uma composição poética significados podem surgir da montagem dos diversos elementos do filme. O diretor escreve com imagens, música e palavras e cria a sua interpretação sobre seres humanos e suas trajetórias. É um filme que pode gerar muita inspiração para debates em aulas de História.
    Filme Nós que aqui estamos por vós esperamos



    15 de maio de 2011

    5 de maio de 2011

    "Adaptações históricas" - O lugar da história no cinema: a pesquisa histórica em "Carlota Joaquina, a princesa do Brazil"


           
          A maioria dos filmes históricos que opta pela adaptação de uma determinada obra pode adotar a postura de buscar, na pesquisa, os elementos, por exemplo, para compor um cenário “factual”, já que o essencial da sua representação está dado na obra de base. Nestes casos, mesmo havendo mudanças, acréscimos, condensações em relação à obra original, podemos considerar que a pesquisa não tem uma importância fundamental na elaboração do roteiro já que ele parte de uma obra acabada. O filme Carlota Joaquina, a princesa do Brazil (Carla Camurati, 1995) não pode ser analisado como uma adaptação strictu sensu. Assim, possui um roteiro original, que, no entanto, foi criado a partir da pesquisa histórica, a partir de outras obras.  
           Ao comparar o filme com a historiografia consultada, pude perceber que o momento de realização das pesquisas é um momento importante na definição do caminho do próprio filme. Acredito que o elemento diferenciador de uma dada interpretação de um filme, que aborda um tema histórico, está neste processo de "recolhimento de dados" para compor o roteiro e a orientação que recebe. Sem negar a independência dos filmes históricos, pode-se afirmar que eles necessariamente dialogam com uma tradição ou com outras obras específicas. Tratá-los como adaptações tem a vantagem de subordiná-los a um conhecimento escrito decorrente das obras consultadas, que são datadas e produzidas em determinado contexto, com determinado discurso. Caso contrário, pode-se cair no erro de considerá-los como representações de uma verdade sem autoria. Os filmes históricos mencionam personagens e situações reais, mas, utilizam-se das histórias contadas sobre essas personagens. A comparação dos filmes com suas "fontes" ajudará a compreender o processo de construção dos significados no filme e a concepção de história que o norteia.


    FONSECA, Vitória. O lugar da história no cinema: a pesquisa histórica em "Carlota Joaquina, a princesa do Brazil"